Friday, October 06, 2006

World Trade Center

Ao falar de New York, é incontornável falar das Twin Towers. Recordo-as na sua imponência e majestosidade, da sensação de "o mundo a seus pés" que se tinha do seu alto. De as ter sobrevoado de helicóptero. Das acrobacias que fiz para as fotografar com a grande angular na Plaza. Da sua beleza vista de barco junto à Estátua da Liberdade. Acima de todos os outros arranha céus. Símbolo da cidade. Símbolo do poder financeiro. Símbolo da América.

Por isso sempre foram um alvo a abater. E cairam, num cenário de filme inverosimil, grotescamente tornado realidade. Nunca mais lá voltei. Sempre recusei visitar o Ground Zero.


"Voltei" hoje com o filme de Oliver Stone. Que nos trás a história de Will Jimeno e John McLoughlin, polícias de New York Port Authority. E das suas famílias. O argumento da estreante Andrea Berloff é excelente, assim como a fotografia de Seamus McGarvey. Oliver Stone move-se rápida e enfáticamente do íntimo ao épico, saturando momentos calmos com emoção feroz. Nicholas Cage e Michael Peña (Crash) literalmente esmagadores.

A primeira parte do filme mostra-nos a surpresa, a impreparação. "We prepared for everything. Not for this. Not for something this size. There's no plan". E o heroísmo de polícias e bombeiros que entram para o lugar de onde todos querem sair.

Depois o colapso. Will e John soterrados. Agarrados à vida até à última gota. "The pain is your friend, remembers you that you're alive". A angústia das suas famílias. Que buscam nas suas roupas e ferramentas os seus cheiros. E lembram momentos perdidos. Palavras que ficaram por dizer.


Nos USA o filme é visto como uma celebração da América e dos seus valores. Da gente que tinha uma missão a cumprir. "WTC is not about the planes, nor is it about the people in them. It's about the people who responded afterwards. And those who responded afterwards deserve the moving tribute that it is." Vi o filme como uma celebração da vida e do amor. E da família. E, limpando uma lágrima furtiva, lembrei o verso de Horácio : Carpe diem quam minimum credula postero .

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