Tuesday, January 23, 2007

África Minha (4) Matetsi no Zambezi

De Maun voamos para Victoria Falls. Era suposto ter um transfer para nos levar ao lodge, a cerca de 60 km do aeroporto. Como em África há sempre um imprevisto não estava ninguém à nossa espera. Soube depois que o incauto guia que ostentava um cartaz com o nome “Fernando” acabou por levar um espanhol com o mesmo nome para outro hotel no centro de Vic Falls.

Aluguei um carro da Avis. Pouco depois chegamos aos portões da Matetsi Game Lodge, uma reserva de 45000ha nas margens do Zambezi. Fiz como o Axel, imitando o Bob e bati às portas do céu. Esperavam-me dois dias de sonho.

O alojamento é fantástico. O nosso quarto tinha uma sala de estar, um quarto enorme com janelas do solo ao tecto e portas de teca que se abrem para o rio, cama com mosquiteiro (para nos proteger mais das aranhas que dos mosquitos e uma casa de banho superlativa.
Lavatórios de um e outro lado, Banheira, Cabine de Duche, Sanita separada e duche ao ar livre.

E uma deliciosa “plunge pool” privada com um deck sobre o mítico Rio Zambezi.
Na companhia de simpáticos macacos e demais bicharada. Para quem não chegasse a plunge, a swimming pool estava na área comum. Nunca lá fui.

Como qualquer safari lodge a estadia é em pensão completa e inclui dois safaris por dia.

Na Matetsi destaco a beleza das manadas de elefantes atravessando o Zambezi e as manadas de búfalos. Vi “wild dogs” à caça, mas só vi a carcaça do gnu que tinham caçado.


E o requinte do chá ao pôr do sol, numa colina sobre a savana.



Mas o que marca na Matetsi é o rio. Sempre presente.
Inesquecivel o passeio ao fim do dia, de canoa, através do Zambezi.

Por entre hipópotamos e crocodilos.
Ainda bem que o guia recomendou que se atacados por hipopótamos a prioridade era afastar-nos da canoa. Claro, depois tínhamos os crocodilos.
O pôr do sol, na canoa, com a Cristina, no meio do rio, a dois braços de distância dos crocodilos, mágico.Os nossos companheiros nessa jornada foram um casal de sexagenários neozelandeses que acabavam de chegar da Zâmbia de um safari a pé. Tanto insistiram que acabei por embarcar na aventura de fazer o safari a pé na Matetsi.
Com o guia armado, um casal de ingleses e outro guia com uma caixinha de primeiros socorros. Depois das recomendações sobre como actuar perante um leão ( que desconfio que não há na Matetsi, por isso me atrevi a fazer o passeio) lá partimos para o passeio. Girafa aqui, gnu acolá, o passeio estava algo entediante. Estava já peritos em distinguir as fezes das hienas e das chitas, e os verdadeiros fardos de palha que são as fezes dos elefantes quando avistamos ao longe uma manada de paquidermes. O nosso sempre sorridente guia levou-nos até próximo da manada. Foi então que senti uma suave brisa. O sorriso do guia fechou-se e fez-nos sinal. Para correr. Muito. Assim fizemos. O vento mudou, e os elefantes carregaram sobre o local onde segundos antes estávamos. Em marcha acelarada e com muita adrenalina só paramos no jipe.

Ao final do dia, depois de uma banhoca retemperadora, o jantar era servido ao ar livre, nas margens do rio, com o requinte de um clube inglês.

Recordo desses jantares a fogueira, o gin and tonic, um americano sósia do Francis Ford Coppola que falava português e uma espetada de crocodilo ( que sabe a frango). E um Shiraz australiano a aquecer a alma.

Foram dois dias perfeitos. Nos dias que correm a Matetsi está quase em saldo ( 500€ por noite, em pensão completa e safaris) talvez porque o Zimbabwe não seja hoje um destino tão seguro como era em 98 quando lá fui.