África Minha (3) Botswana
Em praias protegidas dos tubarões por redes metálicas. Foi lá que me cruzei com o King Goodwill Zwelithini, rei dos zulus. Baixinho, como baixinhos eram os guerreiros zulus que dançando aguardavam a sua chegada ao hotel onde me alojei.
De Durban, com escala em Joanesburgo, segui para Maun num glorioso bimotor da Air Botswana. Quando desembarcamos fomos atirados para um terminal sem nenhuma informação. Logo tratei de saber aonde apanhava a avioneta que me iria transportar ao Tsaro Elephant Lodge. Na Moremi Wildlife Reserve. A jovem perguntou-me: “Mas o sr. Sabe aonde está?”. “Em Maun”. “Não, o seu avião teve uma avaria e aterrou em Gaborone”. Após uma esperra de uma hora embarcamos novamente. Motores a hélices a todo o gás, até que de súbito um dos motores desliga. Chegam dois negros em fato macaco e um escadote, e munidos de uma chave inglesa apertam qualquer coisa no motor. De seguida fazem sinal de que está tudo OK ao piloto. “Cheios” de confiança seguimos viagem. Sem incidentes.
Finalmente em Maun a avioneta lá nos esperava. Lá embarcamos. Nós, o piloto e a sua coca-cola. Foi uma viagem de sonho. A 200/300 metros de altitude sobrevoamos os braços do Delta do Okavango. Vimos manadas de búfalos e elefantes.
Para ser o “África Minha” só faltaram os flamingos.
Chegados ao lodge, tempo pousar a bagagem de mão e tomar banho, O bungalow era enorme, com uma sala e o quarto em mézannine. Virada para o rio, com vidro do chão até ao tecto. Não tinha luz eléctrica a partir da meia noite, e água quente só mesmo às 6 da manhã. Porque no mato a rede eléctrica não chega e havia que poupar o gerador.
Os safaris foram fabulosos. Cruzamo-nos com manadas de búfalos e gnus. Vimos a primeira manada de elefantes a atravessar um rio.
Javalis frenéticos. Crocodilos imponentes e hipopótamos colossais.
Vimos um elefante com cinco patas.
Vimos ao longe a silhueta de um leopardo. Mas não tivemos a sorte do Kruger de ver predadores a caçar.
O jantar foi servido ao ar livre, abrigados pelo Cruzeiro do Sul que se destacava num maravilhoso céu estrelado. Depois do jantar, meninos que éramos à volta da fogueira trocamos experiências com gente da Nova Zelândia, Austrália; Canadá e Namibia. E ouvimos as histórias do Bill, gerente do hotel, com vinte anos de mato.
No fim do jantar fomos escoltados de volta ao quarto. Ainda bem porque tínhamos uma hiena por perto e dois hipopotamos degustando a relva junto à porta do bungalow. Assustados pela luz bateram em retirada. A meio da noite o meu sono foi interrompido por um ruído junto à janela. Seria chuva, seria gente? Gente não era certamente e a chuva não bate assim. Fui ver. Eram os hipopótamos que tinham regressado. Pensei, este bicho se lhe apetecer entra pelo quarto dentro sem se arranhar. O meu consolo foi pensar que ele não cabia na escada que dava acesso ao quarto. De qualquer modo não voltei a pregar olho.
Nos dia seguinte atravessámos novamente a ponte sobre o Rio Kwai para novas incursões pela Moremi.
No último dia como tínhamos avioneta, foi o própri Bill que nos levou em passeio, com os sacos já no jipe. Pude sentir o seu amor por África e a natureza. O prazer com que sulcava com os seus pés a seca terra para que a água que chegava avançasse mais uns centímetros. Depois de enxotarmos um grupo de elefantes que ocupavam a pista a avioneta que nos vinha buscar lá aterrou. Desta vez o piloto era uma senhora. Que nos levou de volta a Maun. E daí voamos para o Zimbabwe.
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