Friday, January 26, 2007

Selecção Nacional (2) Pézinhos de Coentrada

Para Miguel Sousa Tavares gostar de Pézinhos de Coentrada é um sinal do seu carácter. De homem livre, quase um troglodita num Mundo em que os gestos e os gostos são padronizados.

Também eu adoro Pézinhos de Coentrada. Expoente máximo da gastronomia alentejana. Exemplo superlativo de uma cozinha de aromas que consegue transformar uma parte menos nobre do reco num manjar divino. Os coentros são o toque de midas que transformam ingredientes medianos em deleite para os palatos. O cação é um peixe gordo, mas as Sopas de Cação são imperdiveis. As açordas, o arroz malandrinho, as costeletinhas de borrego, o que seria delas sem os coentros. Quem se lembraria de Bulhão Pato? Só pelos coentros valeram a pena os Descobrimentos.

Podemos encontrá-los por todo o Alentejo. Na "Maria" no Alandroal, depois duma visita a Juromenha. No "Páteo Real" em Alter num fim de semana que inclua uma visita aos cavalos lusitanos na Coudelaria Nacional com dormida na Pousada da Flor da Rosa. No "São Rosas" em Estremoz ( depois duma sopa de baldroegas) mesmo ao lado da Pousada Rainha Santa Isabel, a conjugar com um visita ao quarto do Senhor Dom Carlos. No "Grémio" ou no "Aviz" em Évora, depois de um madrugador passeio de balão e uma estada no Convento do Espinheiro. No "Chana do Bernardino", tasca em Aldeia da Serra a dois passos do Convento de São Paulo, refúgio para retiros espirituais ou outros que tais. No "Manuel Azinheirinha" em Santiago do Escoural, onde não é preciso conciliar com nada porque só a gastronomia vale a viagem.

E no Porto os melhores. Heterodoxos. Desossados. Soberbos. Sublimes. Mesmo se associados a risotto de açafrão. No Bull & Bear. Actualmente estão a hibernar. Mas já há petições para que o Miguel Castro Silva os recoloque na lista.

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