Wednesday, November 29, 2006

Mesas da nossa terra (3) Martelo


O meu primeiro jantar de 2000 decorreu no Martelo em Falorca de Silgueiros. Já lá tinha estado em 87, num dia em que o FC Porto ganhou a Taça Intercontinental debaixo de neve. Desta vez, Depois de um reveillon em Lamego resolvemos ir jantar ao Martelo. na estrada, as madames quando foram percebendo que íamos percorrer 80km interrogavam-se se não haveria restaurantes em Lamego. Á medida que o tempo passava os seus vitupérios seguiam em crescendo. A coisa estava já perto da ruptura, com telefonemas de carro para carro, quando finalmente chegamos.

Senhoras e crianças deixadas à porta, os cavalheiros foram estacionar as viaturas, já no Martelo não há valet parking. Quando entamos dentro do antigo curral, em austero granito beirão, hoje restaurante, as senhoras estavam sentadas junto à lareira, à volta dum cremoso queijo e um bem curado presunto. E já eram só sorrisos. Numa mesa com bancos corridos lá nos sentamos. O pão, os enchidos e as azeitonas, óptimos, serviam de lastro para o Dão de produção própria que o sr. Martelo esmeradamente vertia para os nossos copos.

Já estávamos compostos quando chegou o cabrito do monte assado na brasa, começou a chegar o chibinho. Perfeito na sua simplicidade, acompanhado por batatas a muro, dos melhores cabritos que provei. Jantar animado pelas interpelações do nosso anfitrião que, vá lá saber-se porque artes mágicas, conseguia manter os nossos copos sempre cheios do excelente tinto. À sobremesa, que não recordo, faces ruborizadas e almas animadas, cruzaram-se anedotas entre a nosso grupo e a de outros cidadãos de Matosinhos que por lá se amesendavam. E a findar o Daniel cantou o fado. Para a posteridade, arquivados nas paredes do restaurante, ficaram os retratos que uma então jovem (7 anos) Sofia fez dos comensais, com um inusitado poder de observação, por vezes mordaz na sua inocência, nos levou a gargalhadas incontroláveis.

No regresso os mais corajosos passaram o volante às suas esposas. Atitude avisada porque o gelo era perigoso. O da estrada também, mas falava do que estragava o Cardhu. E afinal, disseram as senhoras, valeu a pena a viagem.

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