DVDteca - Grandes Mestres do Cinema (16) Robert Altman
Robert Altman morreu esta semana. Nasceu em 20 de fevereiro de 1925, em Kansas City, nos Estados Unidos, que mais tarde retrataria em filme. Ingressou na Força Aérea Americana durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945 como co-piloto de um B-24. Ao voltar da guerra, fez diversos documentários e filmes institucionais de treino e propaganda. Em1955, Altman dirigiu o filme independente Os Delinqüentes (1957) e o documentário The James Dean Story. Realizou algumas séries de TV mas o sucesso de Altman chegou com MASH (1970) , aclamado pela crítica americana, história de uma equipa médica durante a Guerra da Coréia. Como música tema para o filme escolheu uma composição do seu filho de 14 anos, Suicide is Painless. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e teve a sua primeira nomeação para o Oscar.
Altman tinha um estilo único de filmar, evidente em trabalhos como "Images "(1972) e "Nashville" (1975).Com uma visão crítica da sociedade americana patente nas suas produções, filmava histórias cruzadas, como "Short Cuts", que inspiraram Paul T. Anderson ("Magnolia") e Paul Haggis ("Crash"). Do western ( "McCabe and Mrs. Miller" e "Buffalo Bill...") ao thriller ("The Long Goodbye" adaptando Chandler, e o vitoriano "Gosford Park") passando pela comédia, ( "Dr. T and the women"), o jazz ( "Kansas City") e o country ("Nashville") ou adaptando Sam Shepard ("Fool for Love") Altman construi uma obra que lhe valeu 5 nomeações para o Óscar de melhor realizador, uma Palma de Ouro e Melhor realizador em Cannes, e o Leão de Ouro 96 e o Óscar Honorário 2006 como prémios de carreira.
Para mim o seu melhor filme é "The Player". Desde logo pelo plano de abertura , sublime e brilhante, até ao final introspectivo. O filme é genial na irreverência e na crítica mordaz ao "stablishment" de Holywood. Que recusou financiar o filme, mas depois se degladiou para o distribuir.
Baseado na novela de Michael Tolkin
Parábola sobre o pecado em Hollywood, o filme mostra que o verdadeiro crime não é o assassinio mas o produzir um flop .Filme cínico, cáustico e divertido, é brilhante e um prazer ver Altman dissecar com imperceptiveis cortes de navalha o seu alvo, ("o sistema" diriam os sportinguistas") . O sangue é subliminar, a dor disfarçada pela realização. O filme flui como um fresco, sem fio condutor, apesar de centado no encontro de Griffin com o destino, umas vezes como semideus, outras como peregrino amoral. Imperdível.

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