Wednesday, November 08, 2006

Os LP's do meu baú (5) ""The Doors"

Foi já no final dos anos 70 que descobri os "The Doors". Tornaram-se "a" minha banda de culto. Os seus álbums escutados com devoção, incessantemente, sózinho ou com amigos. As músicas, as letras, os urros e sussurros de Jim Morrison decorados. A originalidade do teclado de Ray Manzarek e da guitarra de Robby Krieger eram apreciados. Mas, indubitávelmente, os Doors eram Morrison. Pelo génio e pela irreverência. E pelo mito. Era rebelde, autodestrutivo. E belo. Calça de couro justaa, quieto, agarrado ao microfone.



As suas letras insinuantes, sugestivas e cinemáticas, ora espreitando conversas de rua, ora agarrando mitos, tendo Rimbaud ou Baudelaire como fonte de inspiração, expressavam
desejo, rebelião, libertação, mas também dor, solidão, noite.

O álbum de abertura, "The Doors" é para mim o melhor. Bem sei que o "LA Woman" é fantástico e o "Riders of the Storm" a música mais emblemática dos Doors. Abre com "Break on Through", uma declaração de principios da banda, com um Morrison por vezes gutural assumindo a ruptura. "Light My Fire" introduz o "efeito Doors", com a voz alternando entre o seguro e o pedrado, o bailado dos teclados e a letra que tantos tentaam censurar."Alabama Song",adaptação de Kurt Weil, é a canção favorita do meu amigo Zé Fernando. Mas desconfio que é por causa do "show me the way to the next whisky bar". E depois o épico "The End". Genial. Profundo. E ainda por cima, na minha mente cinéfila sinestésicamente colado às imagens de "Apocalypse Now".

Em 2003 fui ao Pavilhão Atlântico ver os "The Doors" com Ian Astbury "impersonating" Jim Morrison. Lembrava um pouco o "Chuva de Estrelas" dado que o vocalista imitava não só a voz como a postura de Morrison. Mas era uma imitação. E por isso tinha o seu que de fraudulento. O que não me impediu de voltar a cantar todas aquelas músicas que tinha arrumadas algures na minha memória, e que emergiram das profundezas naquele instante.

Manzarek e Krieger, de novo com Astbury voltam a Lisboa em 13 de janeiro de 2007 para um concerto no Coliseu. Já não se chamam "The Doors" porque o baterista John Densmore os impediu. São agora os "Riders on the Storm".

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