Wednesday, September 19, 2007

TABLES DU MONDE (21) Georges Blanc

Em Vonnas, a 80 km de Lyon fica o Georges Blanc. Casa de grande tradição fundada em 1872 pela família Blanc. Com Georges ao comando desde 1968, mantém a 3ª estrela Michelin desde 1981, ano em que a Gault Millau o distinguiu com a nota de 19,5, inédita até então.

O enquadramento é paradísiaco, e o complexo de restaurantes e o hotel dominam a Place du Marché. Recomenda-se marcar o hotel para pernoitar após a refeição.
Chegados ainda antes do anoitecer, e como o Joaquim diz que jantar só depois do sol posto, optamos pela esplanada onde nos foi servido um Chablis a acompanhar como amuse bouche uma espetadinha de coxa de rã, um salmão fumada e um creme de foie gras e espargos que estava de perdição e deu o tom para o que a seguir viria.

Para acompanhar uma refeição de excelência convocou-se um Bordeaux Pauillac, o Forts de la Tour 2000, um Cabernet Merlot de grande complexidade delfim do mítico Chateau Latour.

Nas entradas provaram-se a Terrina de Foie Gras de Poularde de Bresse (galinha criada em liberdade, na região de Bresse, e servida como atracção em todos os grandes restaurantes de Lyon) com toranja e compota de figo e beterraba, perfeita ligação de sabores, com a doçura do figo e a acidez da toranja conjugados com a gordura do foie gras.

O Foie Gras de Pato em especiarias, com asas confitadas e molho de caviar e duas pimentas, provocou sensações sublimes quando esmagado no palato, delicado mas pujante, um portento.

Seguiu-se um "Filete de Peixe Galo com Courgette e Favinhas e Sucos marinhos", que agradou sem deslumbrar, um "Carré de Borrego marinado e depois assado, versão estival 2007", à point, textura e cozedura perfeitas, suculento, desfazendo-se na boca, entusiasmando as papilas dos comensais
e um "Duo de Ris de Veau,um braseado e outro meuniére, com trufas, legumes do mercado e molho de nozes", que nos levou ao céu. O Ris de Veau não é mais que a glândula do timo, improvável pitéu, hoje na moda entre os grandes chefs. Já o prováramos no Spondi, de Atenas, e agora no Georges Blanc e no Paul Bocuse. Prato de sabores fortes, irresistível, melhor o meuniére, com o suco das nozes a conferir ao prato uma riqueza de paladares inigualável. Prato a valer a viagem a Lyon. Do melhor que já comi.

Depois destas iguarias estávamos já postos em consolo, quando chega uma fabulosa tábua de queijos, que faria as delícias de uns amigos que eu cá sei. Por cerimónia, provaram-se uns queijos de cabra magníficos, e que ajudaram a exaltar a pujança do Latour.

Antes da chegada das sobremesas convocadas, colocaram-nos na mesa um trio de pré-desserts, em que se destacava uma genial mousse de moscarpone com sumo de maracujá.

A que se seguiram acompanhadas dum Ruster Beerenausleese 95, um voluptuoso Fondant de Chocolate, ums deliciosos mas redundantes canneloni de moscarpone e uns originais crepes da Mère Blanc, de chorar por mais.

Café e mignardises, com uns suspiros divinos, e a refeição não termina sem a visita do Georges, lui-même, que autografa os menus e dá dois dedos de prosa com os clientes.

Refeição sublime, este Georges Blanc em boa hora nos foi recomendado. É seguramente um dos melhores restaurantes do mundo, local de peregrinação obrigatória de todos os gourmets. E vale a deslocação, mesmo a quem venha de Genéve ou Lyon.

Georges Blanc
Place du Marché
01540 Vonnas
Tel.: : + 33 (0)4 74 50 90 90

voltar

Labels:

Monday, September 17, 2007

Lobos do mar, Nobre Jogo

A melhor equipa do mundo defrontava a equipa amadora. Antevia-se bonita, a festa. Por isso lá marquei presença.

O hino cantado com alma. A Haka, poderosa e assutadora. Num jogo em que não há anti-jogo, onde não se pára para assistir os lesionados. Os All Blacks eram mais fortes e mais rápiods. Saltavam mais alto.Comandados por Rockocoko e um imperial Jack Collins, fizeram 16 os ensaios. Mas os portugueses fizeram 81 placagens. O Dioga Mateus sozinho fez mais de 30. Festejadas como uma vitória. Conseguiram uns inimagináveis 44% de bola no meio campo neozelandês. Gonçalo Malheiro fez o primeiro drop do Mundial. O 1,69m do Pedro leal não o impediram que derrubar alguns dos gigantes da Nova Zelândia. Até o Aguilar, que alguns dizem ser como o Nené que nunca sujava os calções acabou suturado com 8 pontos. E o ensaio de Rui Cordeiro ( com pele de Lobo) foi uma demonstração da vontade e da coragem do pack lusitano. O Vasco Uva e o Marcelo D'Orey sairam lesionados. Mas deram tudo o que tinham. Marcar treze pontos aos All Blacks não é para todos. Que o diga a França, maior potência europeia, que no último embate perdeu 63-10.

No final de um jogo classificado histórico pelo Presidentes da IRB, o público aplaudiu de pé ambas as equipas. Que acabaram a conviver no balneário luso, com umas Sagres, depois de um jogo de futebol, ganho pelos portugueses por 3-1. A imprensa internacional (L'Equipe, La Gazzeta Delo Sport) deu ao jogo honras de 1ª página. E enalteceu a coragem dos portugueses. Por cá a imprensa desportiva optou pela nota de rodapé, e só o Público se salvou.

Seguem-se a Itália e a Roménia. E a vontade de fazer sempre melhor. Só volto ao Mundial para ver as mais finais, em Paris. Mas valeu a pena ir a Lyon.