Saturday, December 23, 2006

Best 2006 - Filmes

1. Crash, de Paul Haggis, DVD
2. Father and Son, Alexander Sokurov,DVD
3. The Departed,Martin Scorcese, Cinema
4. Jarhead, Sam Mendes, DVD
5. Volver,Pedro Almodovar,Cinema
6. Match Point,Woody Allen,DVD
7. Miami Vice,Michael Mann, Cinema e DVD
8. Brisas de Mudança,Ken Loach,DVD
9. História de Violência,David Cronenberg,DVD
10.Good Night and Good Luck,George Clooney, DVD

"Crash" é um filme soberbo, em que nada é preto e branco, tudo se mistura, em tons bem cinzentos. Entre o bem e o mal há uma ténue fronteira. E tem cenas geniais que despertam a maior das emoções.

"Father and Son"expressão poética das tumultuosas emoções partilhadas por pai e filho na encruzilhada de caminhos que se separam, filmada com esplendor e intensidade por Sokurov, herdeiro de Tarkovsky.

"Departed" é Scorcese de volta aos goodfellas, e "Jarhead" vai até ao Iraque revisitar "Full Metal Jacket" de Kubrik. "Volver" e "Match Point" são obras primas de grandes mestres e em "Miami Vice" a realização de Michael Mann é como sempre fabulosa. Destaco a câmara parada nas cenas aéreas e a câmara à mão na cena final, com um efeitos sonoros que nos colocam no meio do tiroteio. Ken Loach venceu Cannes com "Brisas de Mudança" e um Cronenberg muito contido traz-nos uma fantástica "História de Violência". "Good Night and Good Luck" mostra-nos a América a preto e branco do Sr. McCarthy em tempos do sr. George W.

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A colecção Berardo vale 316 milhões de Euros. 2 CCB ou 3 Casas da Música. Foi importante esta avaliação. Porque há quem não valorize a arte mas valoriza o dinheiro.

A colecção Berardo detem um património riquissimo. Chagall, Dali, Miró, Picasso, Magritte. E também Bacon, Oldenburg, Mondrian, Rothko, Pollock, Lietchenstein, Man Ray. Francis, Baselitz, Long, Botero, Opie. Muitos nomes que encontramos nos grandes museus. E todos os grandes portugueses. E o vilacondense Júlio.

Felizmente o bom senso imperou e a colecção deu origem ao Museu Berardo. Foi pena que não vingasse a tese do TAF de trazer a colecção para o Porto. Em 2008 lá teremos de ir a Lisboa para a já confirmada grande exposição de Picasso . A primeira em Portugal.

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Friday, December 22, 2006

É hoje. É hoje.

It´s Big O Time. Pela Paz. Pela Harmonia. Por um Mundo melhor.

E, como dizia o Raul Solnado, façam o favor de ser felizes.

Prendas de Natal

Para o fvaz


Bem sei que o meu compadre João acha que eu merecia mais. Mas não. Ela é a ideal para mim. A outra era boa demais. Não iria explorar todas as suas potencialidades. Além de ser cara. A Nikon D80 com os seus 10.2Mpix reais e velocidade 1/4000 chega.

Com ela vou voltar a sentir a alegria de fotografar que tinha com a velhinha F90. É certo que vou voltar a andar com a casa às costas. Com a grande angular e a teleobjectiva. Embora a lente, que o kit que comprei incluia, seja suficiente na maior parte dos casos. Como o Pai Natal me visitou mais cedo já a pude experimentar. Para quem nos últimos dois anos quase só fotografou com um Sony compacta foi um prazer poder disparar em série, ter um flash a sério e uma máquina superrápida. E com as vantagens do digital que a F90 não tinha. Obrigado Pai Natal.

Para um avô

Que quer falar com a neta. E ouviu falar no Messenger. E no Skype. Mas só quer o portátil para a internet, os mails e as fotos da neta. . Para ele o ideal é o Tsunami Walker 2550T CORE 2 DUO. Placa gráfica média, mas com 120Gb mais a câmara incorporada para falar com a neta. Claro que haverá sempre que diga que este é que era. Outros dirão que era este. Mas para este avô eu prefiro produto nacional. De boa gente da Póvoa.

Para MacBenfiquistas

A perfeita conjugação. O levezinho iPod Nano 8Gb, diz a Apple, leva 2000 músicas, 25000 fotos e um pouco de esperança. Não, não é a esperança que é preciso ter para acreditar que o Benfica vai ser campeão. É pela contribuição para uma causa generosa. In Red.






Para o Seu Advogado

Ou médico. Ou arquitecto. Se está a pensar dar-lhe aquele whisky especial ou aquela peça da Atlantis lembre-se que já dez antes de si lhe deram a mesma prenda. E ele nem gosta de whisky, que vai acabar por aquecer a consoada do porteiro ou do jardineiro. Se lhe quiser dar alcool ofereça-lhe vinho. Tinto. Ou Porto. E pense que mais vale uma garrafa de um vinho bom, que 6 de um vinho vulgar. Pode-lhe oferecer um original Baron B, um Poeira,um CV ,um T de Terrugem, um Herdade dos Grous Reserva, ou um Hexagon. Se o quiser mimar pode dar-lhe um Batuta 2003, um Quinta do Monte d'Oiro, um Charme 2004 ou um Fonseca Vintage 83. Mas aí certifique-se se ele percebe o que lhe está a oferecer. Não vá ele não conhecer a diferrença entre um Quinta do Noval Vintage 2000 e Quinta do Noval Nacional Vintage 2000. Caso contrário opte pelo Barca Velha que todos conhecem.Ou o Vale Meão 2004 que está fabuloso é mais barato.

Mas se lhe quiser oferecer uma prenda mesmo especial ofereça arte. Original. Mais vale um quadro da Ana Cristina Leite que uma serigrafia da Armanda Passos. Ou um original do Luís Coquenão que uma serigrafia do José Guimarães.


Para quem gosta de Sabonetes

Mas não lhe dá jeito ir a New York. E não sabe aonde fica a Rua do Rosário. Agora no El Corte Inglés, toda a gama da L'Occitane. Sabonetes, Sais de Banho, Cremes, Gel e Geleias. Já embrulhados em saquinhos, cestas ou caixas.

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Wednesday, December 20, 2006

5x5 Prendas de Natal para comprar dia 24 à tarde (1)

5 Livros

1.A Rainha do Sul, de Arturo Perez Reverte,€ 16.95 na FNAC
Enquanto não chegam o "Pintor de Batalhas"e os "Corsários de Levante" do autor da "Tábua de Flandres".

2.Passageiro em Trânsito, de José Eduardo Agualusa €12.95 no Corte Inglês
Para leituras de avião e apreciadores dos contos de Agualusa.

3.Crónica do Pássaro de Corda, de Haruki Murakami

4. Henri Cartier Bresson de Quien se Trata, €67,05 no Corte Inglês
Excelente compilação de fotografias do mestre.

5. E para os amigos portistas não posso deixar de recomendar o tal livro.

5 DVD's para graúdos

"Brisas de Mudança" de Ken Loach,€17.95 no Corte Inglês
"Miami Vice" de Michael Mann,€19.95 no Corte Inglês
"O Leopardo" de Luchino Visconti,€24.95 no Corte Inglês
"Viagem a Itália" de Roberto Rosselini,€24.95 no Corte Inglês
"O Crepúsculo dos Deuses" de Billy Wilder, €12.95 no Corte Inglês

5 DVD's para pequenos

"O Natal do Ruca" e "Noddy Salva o Natal" para os mais pequeninos., por €15.95 no Corte Inglês "

A Idade do Gelo 2",



"Cars" e "Garfield (por €19.95 ou packde dois por €34.95 no Corte Inglês) para os pais espreitarem os filmes dos pequenos, se possível na v.o.

5 Caixas de DVD Cinema

1. Pack Bergman 1 (A Fonte da Virgem,Mónica e o Desejo, Morangos Silvestres, Sorrisos de uma Noite de Verão, Lágrimas e Suspiros e Uma Lição de Amor) €30 no Corte Inglês
2. Pack Bergman 2 (O Silêncio, Cenas da Vida Conjugal.A Máscara, Da Vida das Marionetas e Sonata de Outono), €30 no Corte Inglês
3.Pack Woody Allen ("ABC do Amor", "Annie Hall","Interiors", "Manhathan","Ana e as Suas Irmãs", "Outra Mulher" e Comédia Sexual numa Noite de Verão"), €64.95 no Corte Inglês
4.Pack Scorcese ( "Alice já não mora aqui","Quem Bateu À minha Porta" e "NY fora de Horas") € 49.99 no corte Inglês
5.Pack Buñuel ("Belle de Jour", "Diário de uma criada de Quarto", "O Charme Discreto da Burguesia", "O Obscuro Objecto de Desejo","O Fantasma da Liberdade""Tristana" e "A Via Láctea") na amzon.uk €50.

5 Caixas de DVD TV

1. 24 , 5ª série,€59.95 no Corte Inglês, ou para quem nunca viu, as 5 séries, €200 na FNAC
2. Socorro (Rescue Me), €29.95 no Corte Inglês
3."Band of Brothers", €60 no Corte Inglês
4. "Sete palmos Abaixo de Terra, 4ª estação",€49.99 no Cote Inglês
5."Anatomia de Grey" €24.95

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Monday, December 18, 2006

Globos de Ouro

Há uns dias atrás apresentei dez filmes que considerei candidatos à corrida aos Oscares. Os favoritos parecem confirmar-se. “The Departed” é candidato a melhor filme, melhor realizador e melhor actor. Tem como principal concorrente “Babel” de Alejandro G. Inarritu, com 7 nomeações. Surpreendentemente “Flags of Our Fathers” não é candidato a melhor filme, embora Clint Eastwood seja candidato a melhor realizador com dois filme. Além do já mencionado, “Letters From Iwo Jima” também é candidato.



Na categoria de filme filme são ainda candidatos “Bobby” e os ausentes na minha lista anterior “The Queen” (com Stephen Frears nomeado melhor realizador e Helen Mirren melhor actriz) e “Little Children” um thriller com Kate Winslet ( também nomeada) e Jennifer Connely.


Curiosamente as nomeações surgem antes da estreia de filmes apontados como candidatos como “The Good Sheperd” e o belíssimo “The Painted Veil”. E o nomeado “Letters from Iwo Jima” só estreia nos US em 29/12 e já foi nomeado.

Na comédia são candidatos 3 filmes já estreados entre nós, “Borat”, “O Diabo Veste Prada” e “Little Miss Sunshine” ( “Uma familia à beira de um ataque de nervos “é um título inenarrável).


Mas o favorito é Dreamgirls com Beyonce e Eddie Murphy.


No filmes em lingua estrangeira a curiosidade está na nomeação do filme de Mel Gibson “Apocalypto”, falado em dialecto Maya e “Letters de Iwo Jima” de Clint Eastwood falado em japonês.Mas o favorito é “Volver” com Penélope Cruz também nomeada como melhor actriz.

Nas séries de TV “24” e Kiefer Sutherland devem ganhar, tendo como concorrentes o polígamo Bill Paxton em “Big Love”, os internos de “Grey’s Anatomy”, os poderes especiais dos “Heroes” e os enigmas de “Lost”. O Dr. House é candidato a melhor actor. Na comédia “Donas de Casa Deseperadas” domina as nomeações.

A 23 de Janeiro há mais novidades.

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Ennio Morricone

Ennio Morricone vai receber em 2007 o Óscar Honorário. Nada mais justo para quem nos proporcionou tantos momentos de magia. Quando se fala em Morricone a associação ao western é imediata, pela sua ligação aos filmes de Sergio Leone.





"Era uma Vez no Oeste"



Ou "O Bom, o Mau e o Vilão"



e o "Ecstasy of Gold" que os Metallica usaram para abrir concertos.



E ainda "Por um Punhado de Dólares". São temas clássicos, que logo associamos ao western.

Mas Morricone compôs a banda sonora de muitos outros filmes. Mais de 500. Muitas músicas que trauteamos são dele. Compôs para realizadores como Pasolini e Bertolucci.



Como o épico "Novecento". Que tem o espantoso "Tema de Aida".



Filmes como "A Missão" e "Os Intocáveis".



De novo com Sergio Leone em "Era uma vez na América".



Deu magia ao “Cinema Paraíso".

Colaborou com os Mettalica, Morrissey ou Dulce Pontes.



Dará o seu primeiro concerto nos USA a 3 de Fevereiro no Radio City Music Hall. Se pudesse estava lá.

DVD: "Arena Concerto"na FNAC.
CD: "The Very Best of Ennio Morricone"na amazon.uk

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Thursday, December 14, 2006

QUARTO DE HOTEL ( 19) Royal Mirage One and Only


Há um adágio popular que diz que não devemos voltar aonde fomos felizes. No Arabian Court do Royal Mirage eu fui feliz. Com a Cristina e a Margarida. E voltei lá. Da segunda vez a Carolina (made in Dubai) também foi connosco. Um dia destes voltamos lá os quatro.

Na primeira visita, com a companhia do Zé Rui e da Talinha visitamos a cidade e exploramos os malls e os restaurantes do Dubai.

Fomos ao deserto e as meninas vestiram-se apreceito para o jantar.
Cruzamo-nos com o Frank Williams no seu veículo em fibra de carbono, e com os ombros largos da Justine Hénin. Espreitamos o Burj-Al-Arab. Vimos tapetes e ouro. E vimos que no Dubai o INEM vai de helicóptero.

Na segunda visita, com as duas pequenitas, e com a oferta que o hotel me fez de meia pensão por lá ter voltado, só voltei a sair l no regresso ao aeroporto. Apesar de tudo, a viagem até ao hotel deu para percebermos a grande transformação em apenas 15 meses. Desde logo pelo aeroporto. E depois pelos ínumeros arranha-céus que vão crescendo como cogumelos. E novos hotéis. E a "palmeira" que (infelizmente) vai crescendo ao largo do hotel.

O Royal Mirage é um oásis no meio desse deserto polvilhado de marinas, campos de golfe e cimento que é o Dubai, longe dos malls e do betão e das multidões do Jumeirah Beach Hotel, tão popular entre as nossas agências de viagens. O Mirage tem três ambientes dentro do Hotel. O Palace, opulento, com um lobby sumptuoso, a piscina mais bonita e o restaurante de topo. O Residence, só suites, mais exclusivo, e com um spa fabuloso.
E o Arabian Court, mais "kids friendly", que pretende recriar a fantasia de uma fortaleza árabe. Foi lá que fiquei. Os seus jardins são de grande beleza e um deleite para as crianças.

Recomendo que reservem um quarto no piso térreo que abre directamente para o relvado.


A piscina do Arabian Court é das melhores que conheço, com a área para os mais pequenos, enorme, separada da mais profunda por palmeiras.


A piscina é climatizada, com a temperatura da água sempre a 28-29º, ou seja, aquecida no Inverno e arrefecida no Verão ( leia-se em Maio).

O apoio à piscina é excelente, com gazebos (tendas) para as suites ou para casais com crianças (se houver disponibilidade, o que é habitual).

Até porque mesmo com o hotel cheio, espreguiçadeiras à sombra ou ao sol não faltavam.

Como o calor aperta, água, toalhas refrescantes, frutas tropicais e sorvetes são constantemente oferecidas aos hóspedes.

A praia de fina areia branca, outrora fabulosa, tem agora a palmeira em construção a cortar a linha do horizonte. A água em Março é fabulosa, a partir de Maio com temperaturas superiores a 30º começa a ser quente demais para quem gosta de nadar mas óptima para quem gosta de ficar de molho.

O Eau Zone, junto à piscina é excelente oferecendo excelentes saladas, pastas e cozinha tailandesa. E água Voss, tão na moda nas nossas lojas gourmet. O hotel dispõe de vários restaurantes. No Arabian Court recomendo o Nina, com excelente cozinha indiana. O Rotisserie tem uns pequenos almoços fabulosos e um buffet ao jantar excelente, variado, com muita qualidade, nada tendo a ver com os buffets dos nuestros hermanos. No Palace o Celebrities é o mais in, mas não admitem crianças pelo que não fui lá. Recomendo o Tagine, com boa cozinha marroquina, e desiludiu-me o Olives, italiano pouco imaginativo.

Depois de jantar o Rooftop , no terraço, oferece um cenário das mil e umas noites.

No Kasbar há música e dança ao vivo.
E no Arabian Courtyard é imperdível beber um chá de menta e fumar nargileh com aromas de maçã ou alperce.

Os quartos são enormes, com decoração árabe, claro, camas king size, quarto de vestir, internet de alta velocidade e RTPi .

As casas de banho, em mármore, têm banheira e cabine de duche de tamanho familiar.

O serviço é fabuloso. Desde o rapaz que arruma o quarto, aos senhores que arrumam o carro. Pelo Sousa (de Goa) do bar da piscina ao Ali (do Cairo) que se cruzava connosco nos corredores e tinha sempre um sorriso para as crianças. Foi curioso voltar ao Hotel um ano depois e reconhecer e ser reconhecido por muitos dos funcionários. Os empregados são quase todos egipcios ou indianos, e os funcionários superiores eram todos europeus.

Lá voltarei um dia destes.

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Tuesday, December 12, 2006

Arcade Fire


Há dias assim. Quando fazia uma prescrição a uma paciente interceptei um sussurro entre um pai e a sua filha. Falavam da banda sonora de "Marie Antoinette". Daí aos Strokes foi um pulo. E a surpresa por verem o seu médico quarentão gostar dos Raconteurs e dos Arctic Monkeys. Logo veio a recomendação para que não perdesse os canadianos Arcade Fire. Já os encontrei.


Arcade Fire

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No iTunes comprei o EP Arcade Fire e o álbum de 2005 "Funeral". Bebendo influências que vão dos Joy Division aos Cure a banda de Win Butler e Régine Chassagne tem um som original, incorporando violinos e acordeão, com as guitarras e a batida forte da bateria. O álbum de estreia "Funeral" fica marcado pela morte de váriso familiares dos elemntos da banda no mês que antecedeu a sua gravação.

Rebellion (Lies)

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E o "Life on Mars" e "Five Years"ao vivo com um dos meus favoritos do passado, David Bowie.

Wake Up

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Em boa hora. Já estão na minha playlist. Procurem que vão gostar.

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Mesas da nossa terra (4) Liz

Évora é uma das cidades onde melhor se come em Portugal. O Fialho e a Tasquinha do Oliveira figuram em qualquer guia entre os melhores restaurantes do país. Já os conhecia pelo que nesta minha estada visitei o Grémio ( e gostei) e a Cozinha de Santo Humberto (que desiludiu). Arrastado pelo Flávio e o João ( gourmets capazes de ir de Évora a Cáceres para um almoço num 2 estrelas Michelin) fiz 50km jantar à Bolota Castanha, na Terrugem, que será tema doutro post.
Mas o restaurante que me encheu novamente as medidas foi o menos mediático Liz. Que nunca vi nos guias. Mas que tem cozinha alentejana da mais genuína apesar da casa ser gerido por um homem de Cinfães. Nas entradas destaco uns excelentes cogumelos gratinados, o queijo de cabra com framboesa e os ovos de codorniz com presunto pata negra. Provaram-se uma deliciosa Massinha de Cherne, temperada com hortelã da ribeira que lhe conferia umgosto adocicado que nos enchia o palato, mais uns Pezinhos de Coentrada que se desfaziam na boca, soberbos. Seguiram-se umas fabulosas migas de tomate com espargos que acompanhavam uns lombinhos de porcos preto com pimentão. Não provei mas foram elogiadas as Costeletinhas de Borrego e a Costeleta de Vitela. Tudo acompanhada por um Herdade do Grou Reserva, excelente. Na sobremesa fiquei-me pela Sericaia com ameixa de Elvas, mas foram muito apreciados os doces regionais alentejanos provados pelos outros comensais. Numa refeição perfeita apenas destoou o tom enfadado das empregadas que aguardavam pacientemente que nos retirássemos já que a noite ia longa.

Restaurante Liz, Albergaria Vitória, Rua Diana de Liz, Évora
Tel. 266 707174

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Conventos no Alentejo

A minha "ausência" nos últimos dias deveu-se ao Congresso da SPO, que decorreu em Évora no passado fim de semana. A necessidade de ultimar trabalhos e a falta de internet no Convento de São Paulo impediram-me de postar.


O Convento de São Paulo é um refúgio situado na Serra da Ossa, entre o Redondo e Estremoz. Construido em 1182 por monges da Ordem de São Paulo Eremita, que buscavam a oração, e tendo no passado acolhido D.Sebastião, D.João IV e Catarina de Bragança, é hoje um hotel confortável, de grande beleza, e ainda hoje procurado por quem se quer fechar numa cela conventual. Detem uma belíssima colecção de azulejaria portuguesa, com mais de 50 mil frescos, baixos relevos, a fonte florentina e a Igreja Velha, que o tornam edíficio de interesse público e monumento nacional.

Para os que se possam queixar da exiguidade dos quartos aconselho o "quarto principal", enorme nos seus cerca de 40 m2 e um alto pé direito.
Para lá chegar é necessário percorrer os longos e belos corredores do convento e subir as suas escadarias, repletas de azulejos.


Num registo diferente, o Convento do Espinheiro, nos arredores de Évora, combina o encanto de um antigo convento do séc. XV, monumento nacional, com o design e o conforto de um hotel da "Luxury Collection", o topo da cadeia Starwood. Não me tendo hospedado lá foi aí que decorreu o Congresso, onde o frio que se sentia na tenda da exposição técnica foi suplantado pelo calor de uma Assembleia Geral digna do Benfica de Vale e Azevedo.
Destaco a beleza da igreja, com os seus retábulos de talha dourada, e o spa que espreitei . Lá voltarei em Maio para disfrutar do spa e da piscina perdida na planicie alentejana.


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Tuesday, December 05, 2006

DVDteca (17) Luis Buñuel

BELLE DE JOUR (1967)

Buñuel nasceu em Calanda em 1900, tendo estudado num colégio de jesuítas em Zaragoza. Primogénito de um grande proprietário rural teve acesso à cultura em Madrid , onde conheceu e se tornou amigo de Garcia Lorca e Dali. Em 1925 muda-se para Paris onde descobre o cinema para lá de Harold Loyd e Buster Keaton.

Ein andalusischer Hund / Un chien andalou

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No ano seguinte torna-se assistente de Jean Epstein e, com a colaboração de Dali realiza a sua primeira curta metragem, "Un Chien Andalou", surreal e violenta história de desejo, inconsciente e ambiguidade sexual, que chocou os costumes da época e lhes abriu as portas do grupo de surrealistas.

Seguiu-se "L'Age d 'Or" filme maldito, censurado pelo governador de Paris. Em 1946 é convidado a filmar no México a adaptação de "A casa de Bernarda Alba" de Lorca. O projecto nunca se concretiza mas Buñuel fica pelo México vinte anos, onderealiza grandes filmes ( "Los Olvidados" "A febre sobe em El Paso") e filmes menores. Nos anos 60 sucedem-se as obras primas ( "Viridiana" e "Diário de uma Criada de Quarto") que com "Belle de Jour" formam uma trilogia. Provocador e herético, este homem que dizia "Sou ateu, graças a Deus"escandalizou ao transformar a Última Ceia de Da Vinci no banquete dos pedintes em "Viridiana". Jeanne Moreau é prodigiosa no papel de criada acossado pelo patrão e pelo seu filho (Michel Piccoli, com Fernando Rey a dupla de actores que Buñuel mais apreciava).

Depois de" Belle de Jour" ainda se seguiram os excelentes "Tristana"(1970), "O Chame Discreto da Burguesia" (1972) , "O Fantasma da Liberdade" (1974) e "Obscuro Objecto de Desejo (1977), onde politica e sexo se cruzavam, arenas de poder e repressão, pontuadas pelo humor negro de Buñuel.

Mas a sua obra mais marcante é "Belle de Jour" . Catherine Deneuve é Severine, jovem esposa de um bem sucedido médico passa os seus dias num prostíbulo, para aí satisfazer as suas fantasias sexuais, como bondage, dominação e submissão, acabando por se envolver com um gangster e ser descoberta por um amigo do marido. Ao rever hoje o filme, mais de vinte cinco anos depois de o ter visto no cinema, quase quarenta nos depois da sua produção, tenho a sensação de abrir um porto vintage.

O efeito de choque que terá tido em 67 está hoje mitigado, mas a arte de Buñuel, pelo contrário, evidencia-se ainda mais, liberta que está da aura de escândalo que acompanhou o filme à época da sua estreia.


O filme decorre entre o tempo real, flashbacks e as fantasias da nossa heroína. Buñuel narra-nos a história distanciando-se friamente. À superfície dá-nos a cor e o glamour do chic dos tailleurs Yves Saint Laurent de Séverine, em contraste com as mais negras fantasias e a ameaça de violência. O humor negro de Buñuel está ainda e sempre presente. Pleno de pequenos detalhes e revelações que parecem encaixar como um brilhante puzzle, o filme permanece belo e enigmático, provocador. O argumento de Buñuel e Jean Claude Carriére faz-nos andar em tantas direcções, que nos deixa aturdidos. Temos de decifrar o que é real e o que é fantasia. Que cenas representam os desejos de Séverine, e quais exprimem os seus medos, como se estivessem, receios e anseios, separados por uma finíssima linha invisivel. Tantas conclusões se podem tirar, todas tão diferentes e todas certas. Deneuve é excelente no papel de Séverine, plena de contenção, em que o menor dos sorrisos, o menor dos tremores tanto significam. Pierre Clementi, o gangster, Geneviéve Page, a madame, Michel Piccoli, o amigo, e Jean Sorel, o marido, completam o leque de personagens.


Belle de Jour é uma obra prima. Paixão e compaixão, uma delicada pérola. Imperdível

DVD: "Belle de Jour"(1967), €22 na amzon.uk. Para quem não tem recomendo também na amazon em janeiro de 2007 a "Luis Bunuel Collection". Por €50, uma caixa com "Belle de Jour", "Diário de uma criada de Quarto", "O Charme Discreto da Burguesia", "Obscuro Objecto de Desejo", "O Fantasma da Liberdade", "Tristana" e "A Via Láctea" .







Como nota final, Manuel Oliveira reencontra Séverine e Henri Husson 38 anos mais tarde em "Belle Toujours".

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Monday, December 04, 2006

África Minha (2) Ao fim e ao Cabo

Cabo. Extremo de África. O fim ou o começo? Para os navegadores portugueses começou por ser das Tormentas e acabou de Boa Esperança. Para mim foi uma jornada inesquecivel. Cheguei ao Cabo depois das aventuras no Mala-Mala. Sem malas. Chegaram mais tarde ao hotel. Melhor assim que não carreguei com elas.

Cape Town é uma cidade de grande beleza natural, dominada pela imponente Table Mountain. No seio de uma baía bem abrigada, a cidade olha para o Norte e o Atlântico. Para Sul estende-se uma Península que 70km mais abaixo testemunha o encontro do Atlântico com o Indico.


Fiquei alojado no Table Bay Hotel, um bom hotel sem grande história, mas idealmente localizado no Victória & Alfred Waterfront, espaço onde junto aos cais, se aglomeram lojas, hotéis e restaurantes, perfeitamente seguro para passear à noite, coisa rara nos dias de hoje na África do Sul. Por lá jantei nas três noites que pernoitei no Cabo. No Fish Market e no Greendolphin este com excelente jazz ao vivo. E visitei o Nemo, o Marlin e o Bruce no Two Oceans Aquarium.


Revivi a história no South African Museum, nos Company Gardens e no Parlamento, passeei na City e no Bairro malaio. Senti o cheiro de África e do Indico no Green Market e vi a miséria dos bairros negros em Khayelitsha. Mas ir ao Cabo é subir à Table Mountain. Num teleférico que em 4 minutos nos transporta a 1073m de altitude.

As vistas são imponentes, "breathtaking" dizem eles. Do fim do mundo, digo eu.

Mas o Cabo pede um carro. Volante à direita, o limpa pára brisas que se liga quando damos pisca, a confusão de virar à esquerda nas rotundas. Mas vale a pena. Para ir ao Good Hope Cape, passando pelas magníficas praias de Clifton e Camps bay. E pela encantadora Chapman's Peak Drive, estrada de montanha sobre o mar comparável à Haute Corniche na Côte d'Azur ou a Stinson, em San Francisco.

E finalmente o tão desejado Cabo da Boa Esperança, assinalado pelo padrão de Bartolomeu Dias.

Espaço de contemplação e de meditação.

No regresso a praia de Boulders reservava uma simpática colónia de pinguins à nossa espera. Quando os contemplava estava longe de imaginar que os primeiros passos da minha Carolina me iriam recordar estes simpáticos amigos monocromáticos.

Outro passeio obrigatório a partir do cabo são as Winelands. Constantia, Paarl, Stellenbosch e Franschhoek são o Napa Valley de África. Das vinhas trazidas de França por huguenotes grandes vinhos nasceram neste novo mundo. Por entre paisagens de grande beleza, grandes Shiraz, Pinot e Cabernet Sauvignon podem ser provados nas adegas das quintas. Nalgumas as provas são gratuitas, noutras paga-se uma quantia simbólica. Não esqueçam de cuspir o vinho, pois têm uma viagem de regresso a fazer. Para mim, que não me precavi, apesar de viajar ao lado do condutor a viagem até Hermanus foi penosa. Mas valeu a pena. A baía de Hermanus é um sonho, especialmente quando por lá passeim as baleias corcundas e as suas crias.Só lamento não ter por lá ficado duas noites na fabulosa Birkenhead House, o paraíso nas falésias de Hermanus, a contemplar as baleias e o tempo que se vai.

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